Atrás da Porta - Chico Buarque
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Atualmente, muitos são
os artistas que ainda assumem o eu lírico feminino em suas canções. Um exemplo
está na música “Atrás da porta” interpretada por Chico Buarque de Hollanda,
poeta popular contemporâneo que dialoga com a literatura popular medieval. O
poeta, no momento em que assume o eu - lírico feminino, passa a entender
a alma da mulher: suas decepções,
seus desejos. Esse é uma característica fundamental das cantigas de
amigo medievais. Encontramos, entre os cantores contemporâneos, mulheres que fazem
essa inversão de eu - lírico. Como pudemos ver anteriormente na canção
interpretada por Adriana Calcanhotto.
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