sexta-feira, 9 de novembro de 2012

BIBLIOTECA SEMANAL

Capão Pecado Esta obra conta a história de Rael, um garoto que sonha ser escritor, e se apaixonou pela namorada do melhor amigo. Neste livro, o autor busca expôr os códigos, o cotidiano de Capão Redondo, região na periferia de São Paulo.

Sinopse - O Capão é um lugar abandonado por Deus e batizado pelo Diabo. É miséria, violência, droga e morte. É o retrato dos 'mano', das 'treta' que a moçada faz para se virar - e cada um se vira como pode. É o fim da linha. Usando a linguagem do gueto, alimentando-se daqueles personagens tão reais e sem futuro, Ferréz construiu uma narrativa original. 'Capão Pecado', seu livro de estréia, provocou o leitor ao revelar o cotidiano da periferia. Como o próprio autor disse há cinco anos atrás - Capão é um livro de mano para mano. É ácido e violento. É um grito. 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Atrás da Porta - Chico Buarque



Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua


Atualmente, muitos são os artistas que ainda assumem o eu lírico feminino em suas canções. Um exemplo está na música “Atrás da porta” interpretada por Chico Buarque de Hollanda, poeta popular contemporâneo que dialoga com a literatura popular medieval.  O poeta, no momento em que assume o eu - lírico feminino, passa a entender a  alma  da  mulher:  suas  decepções,  seus  desejos.  Esse é uma característica fundamental das cantigas de amigo medievais. Encontramos, entre os cantores contemporâneos, mulheres que fazem essa inversão de eu - lírico. Como pudemos ver anteriormente na canção interpretada por Adriana Calcanhotto.





Para continuarmos no assunto de linguagem, gírias e jargões, vamos apresentar agora, um trabalho feito em sala de aula sobre a "Linguagem que constrói o texto" Nele, apresentamos três músicas, com diferentes variações linguísticas. 
A primeira música a ser apresentada, retrata o uso da linguagem com gírias, geralmente utilizadas em rap's. A linguagem empregada nestes casos é repleta de palavras de duplo sentido, provocantes, obscenas, maliciosas, eróticas, subversivas, beirando a vulgaridade. Não há preocupação estética na construção dos versos. São usadas formas de expressões cotidianas, incluindo gírias e palavras de baixo calão. É um reflexo da cultura popular moderna, abusada, provocativa. A malandragem é explícita. Além de criticar duramente alguns segmentos da sociedade, os rappers também fazem deste gênero, um meio de protesto. Percebe-se o emprego de vocábulos fora de seu uso habitual. Também não há preocupação com a estética na composição dos versos.
  
Acabou- Projota


É nega... tava mexendo na gaveta
Achei seu brinco de argola e aquela presilha preta,
maldita presilha preta que me fez lembrar
tava arrumano a minha vida mas tô doido 'procê' bagunça
mó jeito de menina moça
volta a fazer o meu feijão que agora eu prometo que eu lavo a louça...
Pra você... Pra tudo ficar bem... Pra tudo ficar zen
Pra tu não ficar sem me chamar de meu bem
e eu ficava te olhando na pista
99% de perfeição, só faltou ser santista
eu sei que eu sou mala sem alça
só que você também às vezes é mais folgada que as minhas calça, pô.
A culpa não é minha, nem é sua, sem problema...
Já que é rap, vamo por a culpa no sistema.
Num deve haver rancor, onde já se teve amor,
Então jura que cê rega todo dia a flor que eu te dei?

Foi bom enquanto durou,
E durou enquanto tava sendo bom,
Mas acabou, desculpa aí mas acabou...
Seu nego num tá mais debaixo do seu edredom

É fia foi bom enquanto durou,
E durou enquanto tava sendo bom,
Mas acabou, desculpa aí mas acabou...
Seu nego num tá mais debaixo do seu edredom

A gente nunca teve a música só nossa
daquela que toca, faz lembrar e te deixa na fossa.
Mas agora vários casal vão curtir esse som
Porque cê não me rendeu casamento, mas tá me rendeno um rap bom.
É fia... Tu virou letra de rap,
Imortalizada pela minha voz entre os "clap"
Tô no mesmo CEP quando se cê quiser me procurar
mas num garanto nada se eu já num vou tá acompanhado por lá.
Daí cê vai bater na porta pra dizer
Que me ama, que me quer, mas outra mina é que vai te atender
Cê vai me ver vindo lá no escuro
Vou abraçar ela por trás e vou dizer: 'Hoje num tem pão duro!'
Num é que eu quero que cê saiba o que vai ser,
Eu quero só que cê saiba que vai ser da hora quando a gente tiver junto,
E quando cê me ver, dizer que não vai mais me ver
E vai sofrer, num vem tenta mudar de assunto firmão!

Foi bom enquanto durou
E durou enquanto tava sendo bom
Mas acabou, desculpa aí mas acabou
Seu nego num tá mais debaixo do seu edredom...

É fia foi bom enquanto durou,
E durou enquanto tava sendo bom,
Mas acabou, desculpa aí mas acabou...
Seu nego num tá mais debaixo do seu edredom

Vivi por 20 ano sem saber que cê existia
Mas depois de perder você é difícil viver por 20 dias
Agora quem vai me trazer paz e sossego?
Quem vai deixar de lado o Projota pra me chamar de "Meu Nego"?
Eu no melhor estilo vagabundo...
Sou muito preguiçoso pra ir ver se tem alguém melhor no mundo.
E as outra mina ficar puta
Porque você ganhou a luta delas mesmo sem nem ter entrado na disputa.
Mas cê tá sempre complicando.
Pra se envolver contigo o cara tem que ter coração de corinthiano
Sofredor... de sentimento sô credor
Se cê num quer, falou, tô saindo, já vou!
Levo na mala minhas roupas e nossas fotos de recordação.
Me arranja aí $2,30 pra condução,
E eu queria terminar com a rima mais pesada,
Mas se eu num posso dizer que eu te amo eu prefiro num dizer nada!

Foi bom enquanto durou
E durou enquanto estava sendo bom
Mas acabou, desculpa aê mas acabo
Seu nego não ta mais em baixo do seu edredom

É fia foi bom enquanto durou,
E durou enquanto tava sendo bom,
Mas acabou, desculpa aí mas acabou...
Seu nego num tá mais debaixo do seu edredom.


A segunda música, retrata o uso da linguagem formal. Observa-se em toda música também, a predominância do eu-lírico, ou seja, a cantora deixa transparecer todo sentimento que há nela para com o receptor.


Devolva-me - Adriana Calcanhotto

Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor meu bem

O retrato que eu te dei
Se ainda tens não sei
Mas se tiver devolva-me

Deixe-me sozinho
Porque assim eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz

Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim vai ser melhor meu bem.



A terceira e última música, na verdade é mais como se fosse um cordel. Patativa fala mais como uma crítica, tanto quando a dureza da vida, como quanto das condições de vida no seu tempo e no lugar onde vive. Lembra bastante o rap, porém esse cordel é de um gênero mais "rural" enquanto o rap abrange uma coisa mais "urbana".

O poeta da roça - Patativa do Assaré

Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu seio o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.




GÍRIAS E JARGÕES


Já reparou que usamos muitas gírias?
Bem, se ainda não reparou isto, você não é o único. Nos dias de hoje, é tão comum usar gírias e jargões que por vezes achamos que tal uso é o correto.

Desde quando a linguagem foi difundida no mundo, a tendência foi facilitá-la, e ao fazermos isso, fomos encurtando ou até mesmo “cortando” algumas palavras do nosso vocabulário, que há muito, não usamos. Um exemplo bom de uma palavra que foi encurtada com o tempo é a “vossa mercê”. Tudo começou com "vossa mercê", depois veio “vossemecê”, “vosmecê”, até chegarmos ao pronome de tratamento "você".

Ao longo do tempo, com essa necessidade de modificarmos as palavras para o nosso próprio uso, acabamos por criar gírias ou jargões. Sabe a diferença?

As gírias, como ditas anteriormente, são palavra coloquiais, utilizadas ou criadas pelas pessoas através de suas necessidades de comunicação. Através da gíria os indivíduos de um mesmo grupo ou meio social se identificam, já que utilizam palavras em comum.

Os jargões são bem parecidos com as gírias, o que os realmente os diferenciam, é que os jargões é que eles são considerados termos técnicos, utilizados por pessoas para exercício profissional. Facilitam a comunicação entre indivíduos da mesma profissão. Assim como a gíria, as pessoas que exercem a mesma profissão conseguem se identificar.